quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

CAMINHAR NO SER (1)




conhece-te... faz de ti mesmo o teu objecto preferido de observação, estudo e compreensão,

aceita-te... tal como és... na semente em potencial... na sombra e na luz, 

transforma-te... porque nada permanece igual na ilusão do espaço / tempo, onde tudo é impermanente,

supera-te.... porque ir mais além é expandir a tua essência... é aceitar a missão da tua alma!

lúcia*

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

HOMEM BELO... HOMEM SÁBIO

Safo, a poetisa grega, dizia: “O homem belo só o é quando o contemplam, mas o homem sábio é belo mesmo quando ninguém o vê.”

Ao lê-la, tantos séculos depois, penso nas máscaras, nas personagens que nos tapam a alma.

Esse "homem belo" de que fala Safo lembra-me a estrutura narcisista... aquele que diariamente é o que não é, belo porque em pose, belo porque em sedução e manipulação, belo porque em mentira... e é isto que o alimenta, não à alma, mas ao Ego... ao ego e a essa tremenda ferida narcísica que leva dentro e que tenta ocultar a todo o custo (quantas vezes demasiado elevado!).


(Imagem: Eco e Narciso by  John William Waterhouse)


O "homem belo" precisa de palco para brilhar, do alimento narcísico constante, da adulação (mesmo que falsa)... precisa que o contemplem, que lhe confirmem que existe! A relação torna-se meramente funcional, longe dos afectos e do coração.



(Imagem: Aspasie no meio dos Filósofos da Grécia by  Michel II Corneille)

Já o "homem sábio" de Safo, me recorda o homem consciente... aquele que aceita a sombra, que não se renega... que é genuíno à luz do dia e na escuridão solitária da noite... que se atreve a caminhar no seu ser... que se lança no caminho iniciático de integração dos seus opostos e de resgate da sua alma... que abre a porta ao sentir e à verdade.

O "homem belo", ao contrário, encontra-se clivado, engana-se e engana na vã glória que constitui a negação da sua sombra, esquecendo que a sua sombra o persegue na sua defesa contra a mesma... ou seja, plasma-se sem dó nem piedade na manipulação alheia. E esquece-se de quem é, porque a máscara acaba por se lhe colar à pele e a vida decorre em automatismos ritualizados.

Há séculos que Safo intuiu esta dor feita drama... a qual se mantém nos dias de hoje amiúde... demasiado amiúde!

lúcia*

NAVEGANDO O SILÊNCIO





navegando os meus próprios silêncios...

porque, antes de aprender a olhar de frente o que nos assusta, há que aprender a olhar o silêncio

lúcia*

LIVRE (EN)CANTO




e então a menina descobriu que o canto do pássaro só existia porque ele era livre...

SOBRE O TEMPO



é o tempo, esse paradoxal eterno-agora, que se encarrega de dar novos lugares às coisas...

novos sentidos...
novos quereres...
novas cores...
novas emoções...
novos nós-mesmos!

lúcia*

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

SOBRE ENCERRAR OS CAPÍTULOS DO LIVRO DA VIDA



É todo um desafio saber e aceitar quando uma qualquer etapa da vida terminou o seu ciclo e chegou a um fim. Insistir numa ilusão, é evitar um processo de luto que deixará uma profunda ferida aberta se não for feito, para além de constituir um desgaste físico e emocional tremendo, que pode ter graves consequências pessoais.

Nada, nem ninguém, é indispensável… tão-somente hábito, apego, necessidade… ilusões da mente aflita! Mente essa que adora insistir freneticamente numa busca de “porquês”, tantas vezes sem resposta, ou numa eterna sucessão de cenas alternativas de um filme já realizado, editado e visionado, com direito a epílogo: The End.

A vida existe apenas no presente e saber fechar ciclos e encerrar capítulos, quando estes chegam ao fim, é indispensável a um viver em presença.

Para isso, temos que ir aprendendo a soltar e a deixar ir... a oxigenar lembranças e recordações de um tempo que já não é… de um espaço que deixou de ser.

A saúde mental e física depende desse seguir em frente com a tranquilidade de estar vivo aqui e agora… e a certeza de vivenciarmos e continuarmos a escrever sobre novas e fantásticas aventuras nesse livro da vida!



 lúcia*

alegoriadacaverna2@gmail.com

domingo, 23 de fevereiro de 2014

SOBRE ESTAR EM RELAÇÃO


a qualidade da relação que mantemos com os demais pode nutrir e fecundar a nossa vida ou, ao contrário, complicá-la, tornando-a em fonte de sofrimento...

e tudo na sequência das intrusivas e inconsequentes expectativas egóicas, bem como de toda a sorte de projecções e sentimentos de apego

porém, as relações que podemos escolher ter, poderão ser também a oportunidade de descobrir novas facetas de nós mesmos, aspectos de crescimento, desafios a superar...

"relacionar" vem do Latim "relatio", que significa "restauração, acto de trazer de volta"...

provavelmente, e caso a escolha seja consciente, teremos sempre a oportunidade e a possibilidade de mais um resgate da essência interior.

lúcia*

Imagem: "A Comédia e a Tragédia" de Giorgio de Chirico

A NOSSA ESCOLA DE CONHECIMENTO

Nesta escola de aprendizagem que constitui o nosso planeta, acredito… sinto… que os quatro pilares do conhecimento são:

- ESPIRITUALIDADE (Religião, Agape / Amor),

- FILOSOFIA (Sophia / Sabedoria),

- ARTE (Thelema / Vontade),

- CIÊNCIA (Gnosis / Conhecimento),

tendo em conta a latência dos quatro planos de manifestação: o Espiritual, o Mental, o Emocional e o Físico, no Caminho rumo ao SER



(foto: O Pórtico das Cariátides, no Templo de Erecteion, Acrópole de Atenas, Junho 2011)


lúcia*

alegoriadacaverna2@gmail.com

sábado, 22 de fevereiro de 2014

SOBRE ESTAR EM PRESENÇA E FAZER DELA A CONVIDADA DE HONRA DA NOSSA VIDA


Quando inicialmente lera sobre isso da Presença, tinha achado “uma esquisitice” e colocado rápida e desinteressadamente de lado o desdobrável sobre Atenção Plena que lhe viera parar às mãos.

Porém, tinha que admitir a si mesma que a curiosidade não mais a tinha largado. E, aqui e ali, quando se lembrava do papel a letras carmim e açafrão, no recato do sua intimidade, ficava uns segundos… mais tarde uns minutos… em silêncio, sem que ninguém desse conta que tinha ido sorrateiramente para dentro de si mesma.

Apenas respirava profunda e conscientemente, acompanhando essa onda de ida feita de oxigénio transmutado pelo corpo e, aos poucos, começou a sentir que estar em presença não tinha afinal nada de tão transcendente ou complicado.

Estar centrada, dando-se conta dos pensamentos, emoções, sensações, ruídos, brilhos e cores que a rodeavam, sem nunca ver realmente, parecia até o mais simples da vida... seria quiçá o "verdadeiro viver"!

lúcia*

alegoriadacaverna2@gmail.com

VIAGEM INTERIOR

sempre achei delicioso este quadro de Remedios Varo intitulado "Woman leaving the psychoanalist", o qual mostra o desnudar da "persona", a retirada das máscaras defensivas e dos fantasmas de antanho que se colaram à pele, a cada passo do caminho de re-descoberta pessoal, muitas vezes em sede do trabalho pscioterapêutico...






sinto-o na senda da viagem interior em direcção à consciência, à essência, ao "core"... evidenciando a queda das capas externas do ego, essas máscaras que nos protegem, desde sempre, da dor e da ferida precoce, mas também de viver plenamente... 

uma viagem essencial, porque o real está mais perto do interior do que do exterior...

lúcia*


alegoriadacaverna2@gmail.com


MUDANÇA... E NOVOS CAMINHOS


toda a mudança, mesmo quando contrária aos nossos desejos, acaba por nos trazer o sabor da liberdade e do inesperado desafio …

porque o desejo nasce na mente e esta vive numa construção egóica e centrada (que, no meu sentir, não se deve rejeitar e sim compreender e elaborar) ...

cruzemos o nevoeiro... atravessemos novos caminhos... abramo-nos a novas vivências...

alimentemos a nossa Alma, integrando o ontem passado, mas permanecendo no eterno agora!

lúcia *


alegoriadacaverna2@gmail.com